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A voluntária e o voluntário sênior

Já parou para pensar que nem todo voluntário tem o mesmo perfil? Como muitas vezes organizações que dependem de trabalho voluntário são parecidas com empresas? Como alguns participantes das comunidades open source parecem fazer tudo? Neste post vamos falar sobre isso, além de problemas e soluções relacionadas.

Tudo vai ficar mais fácil se começarmos a pensar em senioridade no trabalho voluntário.

Quem são as pessoas voluntárias sênior

Quando falamos de senioridade, estamos falando de várias características diferentes. Para o nosso caso, duas se destacam: responsabilidade e experiência.

Por responsabilidade me refiro ao sentimento de dono de determinada tarefa. Se você pedir para este voluntário trazer comida para um evento, você não precisa ligar um dia antes confirmando. Dá pra confiar.

Aqui, experiência é saber o que tem que ser feito. Na comunidade WordPress, por exemplo, temos um grupo voltado para traduções e localizações. O voluntário experiente sabe como o grupo é organizado, que temos um glossário e um guia de estilo.

Não adianta só estar comprometido. Também tem que saber o que fazer.

Por que falar de senioridade em trabalho voluntário

Faço trabalho voluntário há muitos anos e amo. Apesar disso, alguns gargalos são bem comuns em comunidades de todos os tipos. O maior é criado por líderes que não delegam, mas o segundo maior gargalo é a falta de voluntários para quem delegar.

Podemos falar de centralização excessiva em trabalho voluntário em outros posts. Para isso acontecer, eu preciso da sua ajuda compartilhando esse post!

Identifique, capacite, delegue e confie

O caminho para aumentar o número de pessoas voluntárias sênior passa por esses quatro passos. Esse é um processo contínuo: nunca pare de identificar novos membros em potencial ou de capacitar, delegar e confiar nos antigos.

Identifique

Das duas principais características (responsabilidade e experiência) você não vai conseguir ensinar a primeira. Ela também não é binária, existem diferentes graus de responsabilidade. Cabe aos organizadores da comunidade perceber quem demonstra maior grau de responsabilidade e comprometimento.

Em muitos casos, experiência para voluntários recém-chegados é impossível. O subgrupo da comunidade é muito específico, as regras são muito complicadas, etc. Aqui, você quer identificar vontade de aprender e, claro, facilitar o processo como um todo.

O Miles Morales é um ótimo exemplo de alguém com capacidade e vontade de aprender.

Capacite e delegue

Esses dois passos muitas vezes acontecem ao mesmo tempo. Distribuir tarefas simples desafoga os organizadores e empodera as pessoas voluntárias. Identifique todas as tarefas necessárias para a realização das atividades do grupo (com graus de importância e complexidade) e comece a distribuí-las para os interessados.

A intenção aqui não pode ser simplesmente se livrar das tarefas chatas, como “carregar cadeiras em um auditório” ou “atualizar planilhas copiando e colando”. No longo prazo, o objetivo é capacitar essas pessoas de forma que elas possam substituir completamente os organizadores.

Confie

É aqui que muitos organizadores se perdem. Em uma empresa, a tolerância ao desagrado é maior porque as pessoas precisam manter o emprego. Em uma comunidade voluntária não, se o enchimento de saco passar de certo nível, o voluntário simplesmente desiste.

É um equilíbrio delicado entre manter o voluntário feliz e o trabalho bem-feito. Uma coisa precisa ficar clara, entretanto: não é porque não foi feito do seu jeito que está errado. Permita que o voluntário execute a tarefa como achar melhor, dentro dos limites impostos pela comunidade. Além disso, lembre-se que errar faz parte do processo. Você precisa permitir que os outros errem!

Se até o leão tropeça, qualquer um pode.

Mais importante que todo o resto, sempre que possível, aceite delegar: as comunidades (e empresas) só conseguem crescer quando os organizadores não estão lidando com tudo ao mesmo tempo.

Como atrair e manter os voluntários sênior

Comunidades voluntárias têm muitos problemas. Um deles é a alta rotatividade de voluntários. Como esse texto já está ficando grande demais, vamos revisitar esse assunto em breve, mas gostaria demais de saber o que vocês acharam do que deixei até aqui.

E se você trabalha comigo em algum trabalho voluntário e acha que eu posso melhorar em qualquer um desses pontos, fala comigo!

Para ajudar, por favor, compartilhe esse texto nas suas redes sociais 🙂 Obrigado!


A imagem destacada é do Tim Mossholder e eu peguei lá no Unsplash

Felipe Elia

Associate Director of Platform Engineering na 10up, WordPress Core Contributor, Global Polyglots Mentor na comunidade internacional do WordPress e Locale Manager na comunidade WordPress Brasil.

Este post tem 2 comentários

  1. Maycon Queiroz

    Opa, “delegue” , no nordeste dizemos “solte o tronco”. Temos sempre essas pessoas né mesmo? Pegam algo e não permitem que outros nem mesmo olhem.

    É importante para o iniciantes o direito de errar e também a paciência e persistência quando vem um comentário sobre como poderia ser feito a mesma coisa de uma forma de diferente porquê só assim a “chave vira”.

    Obs. Já estava na hora de voltar a escrever algo F. Elia.

    1. Felipe Elia

      Oi Maycon, valeu pelo comentário! E curti o “solte o tronco”, vou começar a usar 😀

Comentários encerrados.